No Jornal de Notícias de hoje, Joaquim Forte relata que "O discurso da Justiça ainda padece da síndrome do "juridiquês". O assunto está em discussão no 5.º Encontro Anual do Conselho Superior de Magistratura, que termina hoje em Guimarães, subordinado ao tema 'O discurso judiciário, a comunicação e a justiça'.
'Temos nós, juízes, a nossa quota-parte de culpa na frequência com que o nosso discurso é deficientemente transmitido. O atraso em criar estruturas orgânicas capazes de o simplificar é a prova disso', referiu, na abertura, ontem de manhã, o presidente do Conselho Superior de Magistratura, Noronha do Nascimento.
O universo judiciário, mais do que nunca, marca presença na comunicação social, mas esta tem optado por uma via de simplificação, segundo Conceição Carapinha, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra . 'Os cidadãos desconfiam da Justiça', disse, adiantando que uma das razões é a linguagem. 'Há uma grande dificuldade do cidadão em perceber o discurso jurídico'.
Noronha do Nascimento confessou uma dúvida 'Será que o discurso judiciário corre o risco de estar cada vez mais enredado pela cultura ideológica da civilização urbana canibalizando, sem preocupações de maior, a civilização rural?'. A dúvida prende-se com a cada vez maior 'litoralização' do país. É do litoral, adiantou, que sai a maioria dos juízes, por sua vez formados numa escola (Centro de Estudos Judiciários), onde leccionam docentes quase só de Lisboa. Perante isto, 'como irá ser o discurso judiciário do juiz iniciático colocado no país rural?', questionou.
O encontro prossegue hoje com um painel dedicado à comunicação social, justiça e opinião pública, com Lobo Xavier, Carlos Magno e Manuel António Pina."
'Temos nós, juízes, a nossa quota-parte de culpa na frequência com que o nosso discurso é deficientemente transmitido. O atraso em criar estruturas orgânicas capazes de o simplificar é a prova disso', referiu, na abertura, ontem de manhã, o presidente do Conselho Superior de Magistratura, Noronha do Nascimento.
O universo judiciário, mais do que nunca, marca presença na comunicação social, mas esta tem optado por uma via de simplificação, segundo Conceição Carapinha, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra . 'Os cidadãos desconfiam da Justiça', disse, adiantando que uma das razões é a linguagem. 'Há uma grande dificuldade do cidadão em perceber o discurso jurídico'.
Noronha do Nascimento confessou uma dúvida 'Será que o discurso judiciário corre o risco de estar cada vez mais enredado pela cultura ideológica da civilização urbana canibalizando, sem preocupações de maior, a civilização rural?'. A dúvida prende-se com a cada vez maior 'litoralização' do país. É do litoral, adiantou, que sai a maioria dos juízes, por sua vez formados numa escola (Centro de Estudos Judiciários), onde leccionam docentes quase só de Lisboa. Perante isto, 'como irá ser o discurso judiciário do juiz iniciático colocado no país rural?', questionou.
O encontro prossegue hoje com um painel dedicado à comunicação social, justiça e opinião pública, com Lobo Xavier, Carlos Magno e Manuel António Pina."
2 comentários:
Comento este artigo a partir duma profissão que sofre dum jargão que a oprime e sufoca: a profissão é a de professor e o jargão é o «eduquês».
Todas as profissões têm que ter a sua linguagem técnica: sem isso não poderiam ser exercidas com um mínimo de competência. Quando um médico descreve um tumor a outro médico em termos que um leigo não entende, não o faz com o propósito de ser obscuro, mas, pelo contrário, como o propósito de ser o mais claro possível.
Ora isto é o exacto oposto do «eduquês», que não tem em vista a exactidão dos conceitos, antes pelo contrário, e não se destina a clarificar a comunicação entre profissionais, mas sim a obscurecer de tal modo a comunicação entre os burocratas da educação que nunca nenhum deles possa ser responsabilizado pelos fracassos do sistema. O «eduquês» é um discurso deliberadamente sem sentido.
Ora julgava eu que a linguagem jurídica era comparável à linguagem técnica dos médicos: uma forma de comunicação desenvolvida de modo a evitar ambiguidades, mesmo pagando o preço de se tornar inacessível aos leigos.
Verifico, porém, pela leitura deste artigo, que afinal o «juridiquês» pode ter semelhanças com o «eduquês» e que isto é motivo de preocupação para alguns profissionais das áreas jurídicas. Se for este o caso, o nosso País está ainda em pior estado do que eu pensava.
José Luiz Sarmento
http://legoergosum.blogspot.com
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